quarta-feira, 9 de novembro de 2011

A Fragilidade




As fragilidades que temos para cuidar não são carmas, mas sim fontes reveladoras de belezas. Cuidamos de nossas fragilidades e percebemos o quanto somos grandes, persistentes e cheios de fé.

A fé é aquele lugar onde nós buscamos energias, para lutar por algo especial. Algo grande e misterioso que está dentro da gente, que deciframos com os indícios de cada tempo. Nossas fragilidades são reveladoras destas grandes forças, fonte da sabedoria interior. Quando cuidamos, crescemos por descobrir o que temos dentro da alma.

A fragilidade sempre será acompanhante de nossos desafios. É parte de nós.

Ações e o cuidado com a centelha da vida são os traços que desenham a beleza, mostrando para consciência o seu verdadeiro significado de todos aqueles que conseguem percebê-la. A vida esconde-se atrás de fragilidades para nós termos a chance de crescer.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Entrar na Chuva

Batendo no vidro da janela, a água escorre, carrega em cada gota o brilho da luz dos postes. Penso nas ruas, em como estão; nas paredes dos prédios, todas muito molhadas. No chão do meu quarto, vejo os grãos de barro escuro, que eu trouxe nas travas de minhas botas. Escuto muito pouco barulho na rua, apenas alguns carros transitam.


Sem saber quem, escuto alguém caminhar e conversar na calçada, que fica logo abaixo de minha janela. Descem a ladeira, os dois sem guarda-chuva, comentando algumas coisas deste dia gelado. O estranho é que calmamente eles conversam na chuva. Como são descuidados, não pensam que podem ficar doentes!


Mais a frente, no meio da praça, dois velhinhos conversam sentados em um banco. Estão todos molhados, com o cabelos brancos grudados em suas testas. Gargalhadas para todos os lados, gestos para cima e para baixo. Estão rindo muito.


Não sei mais o que pensar, só vontade de rir sobre estas atitudes que estou vendo. Pessoas estão na rua, na chuva, neste frio e nem um pouco preocupadas se estão molhadas. Já surge do outro lado da praça, uma mulher pisando em cima do guarda-chuva, feliz, pulando livre daquela tralha de tecido e aço.


E mais uma surge, correndo, pulando sobre as poças. Parece apaixonada com o clima desta noite. Ela chega perto da senhora que quebrou o guarda-chuva e a abraça. Saltam dentro das poças.


As pessoas estão se entregando para chuva, sem medo algum. Se divertem, sem preocupação. Não sei como conseguem.


Agora os velhinhos se levantam, com jeito de partida para casa. As mulheres percebem a presença deles e acenam, como gesto de cumplicidade por aquele ato.


Os velhinhos começam a chegar perto de minha janela. Eu a abro correndo. Entra o ar gelado que impiedosamente toca em meu rosto, segurando meus lábios para não falar nada. Eles olham para mim e perguntam o que houve, dando risada do meu espanto com o frio. Pergunto a eles o que estão fazendo na chuva, eles respondem: se molhando. Com esta resposta novamente caem na gargalhada. Então pergunto se eles não têm receio de ficarem doentes. “Claro que não”, respondem. Veja como podem?


Saíram caminhando abraçados. Mas um dos velhinhos volta. Chega na minha janela novamente para me perguntar, se algum dia eu tive coragem para sair na chuva, conhecer meus limites, saber até que ponto eu era forte o suficiente para enfrentar todas as dificuldades. E sem deixar eu responder começa a falar, de que só é possível saber se somos resistentes ou frágeis quando entramos na chuva. Talvez o que falta entender de nossa tranquilidade aqui fora está em um detalhe, aquele que aquece o peito e deixa a vida mais leve: a alegria.

terça-feira, 28 de junho de 2011

Aquecimento

Os passarinhos estão agitados, voam de um lado para outro. Correm com galhos nos bicos. Outros carregam barro; como ele, o próprio, o joão de barro.

Está chegando o frio e todos protegem ainda mais a suas casas.

Os tatus cavocam mais para fundo da terra as suas tocas. Voam os torrões de terra para longe, cobrindo toda a grama que existe em volta. As formigas se agitam e aproveitam para carregar os pequeninos grãos soltos nas folhas e aumentam suas casas.

As nuvens ao céu enchem as bochechas para assoprar o ar frio. O motivo do qual os animais e insetos estão a se resguardar.

E foi isso que eu vi apouco, o aquecimento para inverno acontecendo.

Inverno

Nuvens, ventos, cores. Surge uma nova paisagem, nova luz sob todas as coisas. Surgem admirações, olhares para as belezas que se movimentavam todos os dias. O sol torna grande amigo aconchegante. Os sabores e os cheiros de frutas pelo ar despertam os paladares mais tímidos. Curiosamente surgem novas ideias, que me fazem criar novos mundos pequeninos dentro de minha cabeça. Será que todas as mudanças limparam os canais de ligação da minha cabeça com a natureza? Não posso pensar muito, pois as ideias chegam rápido demais. Se eu parar para pensar, acumula-se como sementes no funil. Não acredito que seja coincidência. Esta inspiração surge, instala-se por um tempo e foge, me deixando a pensar em quando ou se um dia ela irá voltar. Não sei. Talvez quando mais uma vez o tempo mudar. Hoje a noite, amanha ou depois. Quanto é incerto e curioso viver. Por isso, talvez, os motivos estejam nas admirações, nas sensações, nos sabores e nas cores diferentes; experiências que surgem em novos climas, novos temperos que ficam pelo ar. Talvez tudo isso crie novas inspirações, pois sinto que nossas vivências feitas de curiosidades são os arremessos para a plenitude de nossos desejos e sonhos. Arremesso possível a cada instante, a cada estação.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Questões para o presente

O que movimenta o mundo?
O magnetismo de sua órbita.
Como a sociedade cresce?
Com o nascimento de pessoas.
O que faz os animais se movimentarem?
A vida.
O que faz as plantas nascerem?
A vida.
Do que é feita a matemática?
Do raciocínio humano.
Do que são feitas as palavras?
Dos sentidos humanos.
O que te faz feliz?
O que te faz sonhar?
Porque desejamos?
Porque nascemos?

O valor do tempo

Tudo é uma questão de tempo. Os desejos que surgem dependem apenas do tempo para serem saciados. Se queremos alcançar um objetivo, basta estudar ou trabalhar. Mas tudo depende de tempo. E tempo para criar as condições. A jornada mutiladora e tirana de trabalho nos deixa cada vez mais fora do caminho desejado. Ensinaram isto de um jeito, mas não todos os jeitos. Ensinaram a preguiça e o orgulho, mas jamais esplicaram que tudo é uma questão de tempo. O tempo adquirido, disponível ou roubado são muitas vezes mal aproveitados. Para conquistar e chegar ao destino, basta caminhar e conhecer o caminho. E se em algum trecho deste caminho for desconhecido, sente por algum tempo e o estude, calcule suas manhas e facetas. E o segredo para ter tempo é a paciência. E para ter ambos ao seu lado é uma questão de tempo.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Palavras vazias

No fundo das frases, muitas vezes, grandes contradições. Aos que falam abertamente sobre igualdade, lembro-os que existe um problema em seus discursos: não há como defender o ideal de uma nação igualitária quando é incentivado o desenvolvimento da educação saqueadora, que mata a natureza; do conhecimento individualista, para disputar um lugar que garantirá o que comer. Não há como falar em igualdade quando se tem competição. Em tal temos um vencedor e um perdedor e com isso lugares diferentes do pódio. Também não há como falar disto quando se destrói para construir.

Assim, por cima, o que é tudo isso que defendemos? Queremos ir para o espaço, encontrarmos novos planetas habitáveis, mas não conseguimos encontrar um jeito de conviver. Todos nós temos consciências diferentes, isto é a priori da questão. A palavra que sai da boca é a que faz a diferença. Mas o que motiva a boca falar é a essência. Talvez, para chegar aonde se deseja, nesta harmonia, precisamos encontrar pela frente mais alguns problemas e controlar a ansiedade do ego. Isto esta na maneira de como vivemos. Encontrar experiências que nós mostrem a verdade sobre este bicho humano e do seu lugar na natureza. Será que é desenvolver a economia do planeta?

Além do mais, a dignidade é a palavra principal que não esta no discurso daqueles defensores da igualdade. Dignidade não é ficar esperando alguém tomar decisão e muito menos o dinheiro entrar no banco. É digno podermos escolher e saber que somos autônomos na maneira de como vivemos. É digno ter a liberdade de fazer escolhas para manter a vida seguindo o seu ritmo, manter esta pulsação, sem destruição, sem degradação da natureza. Está na hora de voltarmos para natureza.

Então, antes de tudo, da dignidade e da igualdade, o entendimento do fluxo da natureza, que carrega seus fluidos, a sua vida, os ritmos nela existentes. Com isso, entende-se que estamos lutando, discutindo sobre nossos problemas sem antes ter um preparo e conhecimentos de tais preceitos básicos da própria terra que pisamos. Somos fruto da natureza e não de algo virtual. Não fomos criados por nenhuma entidade sobrenatural: fomos criados pelos fluidos, pela natureza que nos acolhe. A atitude de viver, de criar um mundo paralelo já esta mais que provado que não dá ceto.

De que forma pensar em dignidade? Apenas humana? E a igualdade: apenas entre humanos?
Isto escrevo por perceber nos hábitos cotidianos sentimentos que demonstram a condição de nos, humanos, estarem fora de tudo da natureza. Alimentamos cada vez mais o nosso egoísmo, pois esta escrito que da natureza tudo o homem pode tirar, saquear. Estes que criam discursos que tentam legitimar condições para que seu desejo seja realizado. O que desejar sem afetar? Então, nesta questão, encontra-se o medo. O grande causador de toda bagunça humana, que existe e precisa ser tratado.

Como podemos desejar o privilegio da igualdade, da dignidade se não conhecemos os limites e o devido respeito pela vida? Não entendemos ainda a profundidade destas palavras, apenas o belo status que elas proporcionam.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Sêde

Sempre existem limões para nos refrescar quando a sêde aperta a garganta. A sêde que sufoca o coração, os pulmões, seca a língua, seca os olhos, perturba. A sêde por algo vivo que possa vitalizar a alma. Mas no fim das contas esquecemos do que importa e a sêde incomoda, deixa tudo seco. Esquecemos, por longo tempo, de beber a água e os líquidos que fluem pelos frutos, pelos limões. Os limões são resistentes ao tempo seco. Além disso, limpam o sangue, limpam a matéria da vida. Quantos sabem que a matéria da vida precisa estar plena, resitente e limpa? Precisamos matar a sêde, para ficarmos seguros. Sentirmos a vida fluir, para conduzi-la com leveza. Precisamos de bons fluidos. E quando buscamos os maus, a sêde aperta.

Se tens sêde por bons fluidos, os frutos da natureza que estão por aí pode lhe ajudar. Frutos que trazem bons fluidos, bons sentimentos. Os sentimentos são necessários para a segurança. Eles são a cura para todo mal. Talvez a causa não deva ser egoísta, ou apenas humana. A causa pela vida tráz bons frutos e é um bom objetivo. A sêde não pode ser aliviada sem isso, sem sentimentos, sem frutos, sem vida.

A sêde não é aliviada com maus fluidos. Isto apenas deixa superficial o alivio, a sêde volta em pouco tempo. Ficamos ainda mais sufocados, pois a causa para a sêde não é compreendida. A sêde que criamos e não conseguimos saciá-la.

Mas os frutos estão disponíveis, para colhermos e matar a sêde. A sêde morre, renasce a vida e mais frutos são semeamos, para outros matarem suas sêdes.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

A Limpeza

Suspiros. Sinto pequenas correntes de ar frio entrar no meu abrigo. A noite tem muito a dizer. Os grilos fazem sua sinfonia. O oculto se revela. Sentimentos surgem. A expressão se manisfesta criando uma nova visão. O orvalho deixa tudo úmido; deixa o ar mais puro. Meus pulmões se enchem com esta nova energia.

Saio de dentro desta casca, ou melhor, tronco oco que uso para dormir e me proteger durante o dia. Nem sempre estamos acordados; raramente fico acordado. Amanha acordarei para um nova vida. Quero trocar esta lógica.

Vou sentir cada respiro, como alimento puro. Vou ver o sol e sentir meu espírito brilhar. Vou abandonar esta casca e ler tudo que está escrito nas árvores, na chuva que cai na terra, na sinfonia dos grilos, nos cantos das cigarras, nas melodias dos pássaros e perceber a mensagens ainda mais sutis, que flutuam pelo ar.

Vou escrever nesta casca. Ali deixarei tudo que conheço, principalmente o que não é mais necessário deixar surgir em meu espírito.

O fogo consumirá esta casca. Destruirei-a para jamais existir rastro desta que escondeu-me a fonte de inspirações. Destruirei-a, pois absorve, deixa proliferar pragas que só eu sei como são devastadoras. A casca estava em mim, encontrei pelo caminho, deixando raízes venenosas se sustentarem. Agora as cortei.

O bem que fazemos a alguém não reflete apenas nela, mas também em outras pessoas. A casca que carreguei vai ser destruída com este poder. Poder que é digino. Penetra em redes que se estendem como tempestades, que limpam o ambiente; renovam e mudam tudo de lugar.

A casca já está destruída. Sinto-me leve. Conquistei algo que está ligado a distâncias. A energia circula no ar, criando brechas limpais em meio a poeira escura e sem brilho. Sinto vibrar. Vivo. Acordado.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Um detalhe

Observei que uma pequena planta rasteira nasceu no meio das pedras de uma praça, no caminho de muitas pessoas e com isso diáriamente é pisoteada. Esta pequena planta acabou de morrer, pois foi decepada por um passo acelerado.

Mais adiante, em outras pedras, nasceu outra pequena planta rasteira. Continua sendo pisoteada pelos sapatos, tênis, chinelos e pés descalços todos os dias. Aos poucos ela vai conseguindo ganhar mias resistência, criando defesas e assim mantendo o sentido se sua existência. É apenas uma planta, que tem uma faísca da vida e que não se cansa de reascender sua existência. É vida que tem essência que está em tudo e no todo.

Poucos são os que se dão conta das pequenas plantas, apenas aqueles que andam cabisbaixo. Observam a beleza da flores e a raízes presas nas pedras. Nasceram para se espalhar, para protegerem a terra e juntamente abrigar outras vidas.

Sem perceber, estão sempre a pisar nas pequenas plantas, pois a lei existi na consciência de todos. Mais fortes, assim foram julgados e aceitam sem questionamentos. Como não percebem neste caso, o mais forte está a tornar-se mais fraco. As escolhas simplesmente estão totalmente fora de ligação com o berço chamado terra. Tudo brotou desta esfera, que deixou disponível tudo que precisamos para viver e até mesmo para transformar e copiar. Então, copio a persistência da pequena planta que ali observo.