quinta-feira, 22 de julho de 2010

A Limpeza

Suspiros. Sinto pequenas correntes de ar frio entrar no meu abrigo. A noite tem muito a dizer. Os grilos fazem sua sinfonia. O oculto se revela. Sentimentos surgem. A expressão se manisfesta criando uma nova visão. O orvalho deixa tudo úmido; deixa o ar mais puro. Meus pulmões se enchem com esta nova energia.

Saio de dentro desta casca, ou melhor, tronco oco que uso para dormir e me proteger durante o dia. Nem sempre estamos acordados; raramente fico acordado. Amanha acordarei para um nova vida. Quero trocar esta lógica.

Vou sentir cada respiro, como alimento puro. Vou ver o sol e sentir meu espírito brilhar. Vou abandonar esta casca e ler tudo que está escrito nas árvores, na chuva que cai na terra, na sinfonia dos grilos, nos cantos das cigarras, nas melodias dos pássaros e perceber a mensagens ainda mais sutis, que flutuam pelo ar.

Vou escrever nesta casca. Ali deixarei tudo que conheço, principalmente o que não é mais necessário deixar surgir em meu espírito.

O fogo consumirá esta casca. Destruirei-a para jamais existir rastro desta que escondeu-me a fonte de inspirações. Destruirei-a, pois absorve, deixa proliferar pragas que só eu sei como são devastadoras. A casca estava em mim, encontrei pelo caminho, deixando raízes venenosas se sustentarem. Agora as cortei.

O bem que fazemos a alguém não reflete apenas nela, mas também em outras pessoas. A casca que carreguei vai ser destruída com este poder. Poder que é digino. Penetra em redes que se estendem como tempestades, que limpam o ambiente; renovam e mudam tudo de lugar.

A casca já está destruída. Sinto-me leve. Conquistei algo que está ligado a distâncias. A energia circula no ar, criando brechas limpais em meio a poeira escura e sem brilho. Sinto vibrar. Vivo. Acordado.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Um detalhe

Observei que uma pequena planta rasteira nasceu no meio das pedras de uma praça, no caminho de muitas pessoas e com isso diáriamente é pisoteada. Esta pequena planta acabou de morrer, pois foi decepada por um passo acelerado.

Mais adiante, em outras pedras, nasceu outra pequena planta rasteira. Continua sendo pisoteada pelos sapatos, tênis, chinelos e pés descalços todos os dias. Aos poucos ela vai conseguindo ganhar mias resistência, criando defesas e assim mantendo o sentido se sua existência. É apenas uma planta, que tem uma faísca da vida e que não se cansa de reascender sua existência. É vida que tem essência que está em tudo e no todo.

Poucos são os que se dão conta das pequenas plantas, apenas aqueles que andam cabisbaixo. Observam a beleza da flores e a raízes presas nas pedras. Nasceram para se espalhar, para protegerem a terra e juntamente abrigar outras vidas.

Sem perceber, estão sempre a pisar nas pequenas plantas, pois a lei existi na consciência de todos. Mais fortes, assim foram julgados e aceitam sem questionamentos. Como não percebem neste caso, o mais forte está a tornar-se mais fraco. As escolhas simplesmente estão totalmente fora de ligação com o berço chamado terra. Tudo brotou desta esfera, que deixou disponível tudo que precisamos para viver e até mesmo para transformar e copiar. Então, copio a persistência da pequena planta que ali observo.